SISTEMISMO ECO-CIBERNÉTICO
Este capítulo trata de uma abordagem tríplice, de cunho sistêmico, ecológico e cibernético.
Corresponde a uma ótica de natureza holística, é designado Sistemismo Ecológico Cibernético, através da qual se pode perceber, estudar a realidade, bem como, nela intervir.
O Sistemismo Ecológico Cibernético possibilita adotar uma mesma metodologia para focalizar sistemas de qualquer natureza, tais como um país, um estado, um município, uma empresa ou, sobretudo, o organismo humano.
Os componentes desta metodologia são: o enfoque sistêmico, a visão ecológica e a perspectiva cibernética.
Esta visão tríplice resulta do acoplamento das idéias, conceitos e princípios da Teoria Geral dos Sistemas, da Ecologia, da Cibernética e da Teoria da Informação.
O ponto de partida desta metodologia é o enfoque sistêmico, oriundo da Teoria Geral dos Sistemas, de Lwidg von Bertalanffy que visualiza o Universo e, cada um dos seus elementos constituintes, como um sistema: “conjunto de partes interligadas e inter-relacionadas, capaz de operar conjuntamente, segundo um objetivo determinado”.
Através do enfoque sistêmico podemos visualizar qualquer sistema, em sua constituição, abrangência e integralidade, assim como as relações entre as partes integrantes do todo, isto é, em sua estrutura ou “anatomia”.
Mediante a visão ecológica, estudamos o sistema, em sua inserção no ambiente, envolvendo as suas relações, interações e influências recíprocas.
É notória a interação entre o sistema e o ambiente em que este está inserido: o ambiente afeta o sistema e este, reciprocamente, exerce influências sobre aquele.
Portanto, qualquer tentativa de estudo de um sistema, ignorando o ambiente respectivo, constitui uma abordagem reducionista, fragmentária.
O enfoque sistêmico já está bastante divulgado, enquanto a consciência ecológica vem despertando a atenção dos meios acadêmicos e de grande parte da população.
O estudo de um determinado sistema e do respectivo ambiente, através do enfoque simultâneo - sistêmico e ecológico - constitui uma abordagem sistêmica ecológica.
Este duplo enfoque, quando acrescido da perspectiva cibernética, constitui o Pensamento Sistêmico Ecológico Cibernético, um construto de nossa autoria, também designado Sistemismo Ecológico Cibernético.
O terceiro componente da metodologia proposta é a perspectiva cibernética: a abordagem de qualquer sistema do ponto de vista da cibernética, ou seja, no que se refere aos seus mecanismos de controle, de regulação, de reajustes.
A Cibernética é a ciência de todos os mecanismos de controle existentes e pode ser definida como a “ciência das informações, do comando e do controle, no homem, na máquina e na sociedade.”
Os procedimentos cibernéticos podem ser pode ser sintetizados pela existência e participação do dispositivo designado “feedback”.
Todo sistema, para a consecução dos seus objetivos, dos seus propósitos, necessita da adoção de mecanismos de regulagem, de reajustes, em tempo real, enfim, precisa utilizar a filosofia cibernética e, consequentemente, o dispositivo cibernético de retroalimentação ou “feedback”.
A perspectiva cibernética pode ser aplicada, por extensão, aos sistemas não automáticos, isto é, exo-reguláveis, como as máquinas não automáticas, como um automóvel, uma empresa, um país, um estado ou um município, mediante a adoção do modelo dos sistemas auto-reguláveis (cibernéticos), como as máquinas automáticas e os organismos vivos.
Nesta acepção os sistemas não automáticos, tanto tecnológicos como sociais, ao serem, para fins operacionais, considerados como acoplados ao cérebro humano (equivale dizer: à consciência), os tornaria sistemas de natureza mista e “cibernética”, os quais, ao serem operados mediante a filosofia cibernética e o modelo de funcionamento dos organismos vivos e das máquinas automáticas, portanto, cibernéticos, poderiam ser designados como “cibernetizados”.
Os sistemas mistos: homem/máquina, homem/empresa, homem/sociedade, quando operados segundo a filosofia e o modelo cibernético, podem ser considerados “cibernetizados”.
O Sistemismo Ecológico Cibernético representa um quadro de referência que corresponde ao Sistemismo ampliado, cujo alicerce é a articulação de conceitos, idéias, fundamentos e princípios da Teoria Geral dos Sistemas (TGS), de Lwidg von Bertalanffy1, com os da Ecologia, da Cibernética e da Teoria da Informação.
A par da natureza totalizante, abrangente, globalizante, integrativa e sintética (holística), - sua característica peculiar - a metodologia sistêmica, ao englobar, explicitamente, no seu bojo, a Cibernética e a Teoria da Informação, adquire os atributos de ambas, ficando dotada, sobretudo, do mecanismo de reajustes (“feedback”).
Por sua vez, este conjunto de ciências, ao ser acoplado à Ecologia, transformando-se no Sistemismo Ecológico Cibernético, tem o seu alcance e abrangência ampliados, ao explicitar a obrigatoriedade da inclusão do ambiente no estudo de qualquer sistema, o que era, apenas, implícito na Teoria Geral dos Sistemas.
Esta estratégia foi utilizada porque, no Sistemismo puro, tal inclusão nem sempre ocorria.
Desta omissão, não raras vezes, resultava que certos estudos, pretensamente sistêmicos, ainda se apresentassem, eivados de cunho reducionista ou fragmentário, capazes caracterizá-lo como não sistêmicos, por desconsiderar o fato de tanto o ambiente é afetado pelo sistema como o sistema afeta o ambiente, isto é, ambos se afetam mutuamente. O grande mérito da inclusão da Ecologia
O Sistemismo Ecológico Cibernético (Eco Sistemismo Cibernético), além de haurir todos os atributos inerentes às três ciências referidas, ao incluir, no seu bojo, a ecologia, para alcançar o estudo do ambiente do sistema, amplia, mais ainda, com a aquisição das demais virtuosidades desta ciência, o seu alcance e abrangência,
Um dos grandes méritos que a Ecologia empresta ao Eco Sistemismo Cibernético, é lhe impregnar da sua característica orgânica, possibilitando à nova metodologia proposta, se contrapor a outros quadros de referência, de cunho mecanicista, como os de inspiração cartesiano-positivista.
Reciprocamente, estudos ecológicos geralmente não apresentavam a abrangência necessária para serem considerados sistêmicos, po
O Sistemismo ao se articular, ou melhor, ao se unir à Ecologia, à Cibernética e à Teoria da Informação, resulta numa metodologia mais ampla - o Sistemismo Ecológico Cibernético, - o qual utiliza o modelo dos sistemas auto-organizadores e auto-reguladores, como os organismos vivos, os ecossistemas naturais e o ambiente, incluindo, principalmente, a estruturação sistêmica do genoma humano e o funcionamento do nosso cérebro e, sobretudo, da consciência, abeberando-se em idéias, conceitos e princípios da Biologia, da Fisiologia, da Neurofisiologia e da Genética, o que possibilita à metodologia sistêmica, além da aquisição de um caráter orgânico, se constituir num referencial de natureza mais ampla, mais abrangente, mais integrativa, sobretudo quando a Cibernética lhe transfere ou amplia os atributos de movimento, de processo, de comando, de controle, de reajustes, de regulação, de retroalimentação ou “feedback”, emprestando-lhe, ainda, características dialéticas, capazes de transformar o Sistemismo Ecológico Cibernético em uma metodologia verdadeiramente holística
O Sistemismo Ecológico Cibernético se constitui de um conjunto de princípios que compartilha com a Teoria Sistêmico-Ecológica de Enfermagem, na qual são designados como Princípios Gerais.
A Teoria da Informação (Claude Shannon e Warren Weaver) é abarcada pela Cibernética (Wiener) e, esta por sua vez, considerada por vários autores como integrante da Teoria Geral dos Sistemas (Bertalanffy), acentua a originalidade e a fecundidade do Sistemismo, sobretudo ao lhe atribuir o caráter dinâmico e regulador, enquanto o conjunto destas três ciências - complementado pela Ecologia, - é englobado pelo Sistemismo Ecológico Cibernético, o qual incorpora todos os atributos e características destes quatro ramos do conhecimento.
O fluxo de informações que integra o mecanismo de retroalimentação ou retroação ou alça cibernética (“feedback”), uma característica fundamental dos sistemas cibernéticos, indispensável à regulação dos processos de todos os sistemas automáticos ou que se pretenda considerar automatizados, expressa perfeitamente o denominador comum e o vínculo entre a Teoria Geral dos Sistemas, a Cibernética e a Teoria da Informação.
Como já vimos no Capítulo II, o Estruturalismo e o Funcionalismo são metodologias aparentadas, cujos conceitos e idéias os aproximam do Sistemismo e, em virtude deste, além de ser de maior amplitude, possui ganchos capazes incorporá-los ou abarcá-los, amplia, ainda mais o Sistemismo, o qual os ultrapassa.
A maioria dos conceitos do Sistemismo mantém coerência com os do Estruturalismo e do Funcionalismo, entretanto, o primeiro tem maior amplitude que os dois últimos, por isso, enquanto o Sistemismo pode conter o Estruturalismo e o Funcionalismo, ao reverso, estes não poderão conter aquele, de vez que o conteúdo não pode ser maior que o continente.
Pedro Demo2 afirma: “É muito conhecido o apelo ao conceito de sistema na própria definição de estrutura. ....O termo estrutural aponta para a vigência de um todo só
É o Sistemismo que expressa melhor o conceito de totalidade, abrangência, globalidade, características essenciais dos sistemas, de cujo todo a estrutura, com toda a sua amplitude, é apenas um dos seus aspectos, embora relevante.
Levi-Strauss refere: “... uma estrutura oferece um caráter de sistema. Ela consiste em elementos tais que uma modificação qualquer de um deles acarreta uma modificação de todos os outros”.
Mercê dos vários atributos que lhes são emprestados pela Cibernética, pela Teoria da Informação e por outros ramos de conhecimentos que são absorvidos pela Teoria Geral dos Sistemas, tornando-a dotada de maior amplitude e, de uma fecundidade muito maior que a do Estruturalismo, entretanto, este é, particularmente, fecundo para o estudo dos signos, podendo, mesmo, ser considerado como uma ciência dos signos, o que lhe aproxima da Linguagem, da Teoria da Informação e do Código Genético, este escrito em linguagem química.
O mapeamento o genoma humano, um código construído pela natureza, estruturado de maneira harmônica e sistêmica, não só confirma, como amplia a concepção de um universo sistêmico, sob cujo alicerce foi construído o Sistemismo Ecológico Cibernético.
A partir da linguagem surge a cultura, caracterizada por uma nova maneira de evolução que possibilitou que fosse engendrado um mundo artificial de memórias e de processos de auto-organização, isto é, de natureza cibernética.
Por sua vez, o pensamento cibernético, ainda que considerado isoladamente, também é muito amplo, emprestando ao Sistemismo os seus atributos de dinamismo, de movimento - o que o Estruturalismo não possui, - além de encerrar a idéia de regulação ou “feedback”, a qual não constitui característica, nem mesmo, do Funcionalismo, caracterizando o seu reducionismo.
A amplitude da Cibernética está bem caracterizada na expressão de Yelena Saparina3, quando afirma:
“Considera-se que a cibernética emergiu da conjugação de pelo menos cinco ciências: controle automático, matemática, lógica, biologia e teoria das comunicações. Talvez seja esta a razão porque até o presente novas definições de cibernética estão ainda sendo sugeridas em esforço para refletir todos aspectos desta versátil ciência. ...Assim, a cibernética que se desenvolveu a partir de um estudo comparativo de máquinas e organismos vivos, retornou a biologia, permanecendo ao mesmo tempo no campo da engenharia.
O rápido progresso da Cibernética e, a sua enorme amplitude, é destacada pela mesma autora:
É se notar o rápido progresso da cibernética, uma nova ciência dedicada ao estudo do controle e das comunicações. A ciência do controle abrange três esferas principais: controle dos sistemas mecânicos e dos processos manufatureiros: controle da atividade humana organizada, ou seja, seguros, finanças, comércio, transportes; e ainda o controle dos processos dentro dos organismos vivos. A esta última esfera pertencem os processos fisiológicos, bioquímicos e biofísicos, associados às funções vitais do organismo e cuja função consiste em assegurar a sobrevivência desse organismo dentro de um meio em constantes transformações.”
Em virtude de o Sistemismo ser capaz de se abeberar em todas as fontes mencionadas, seu cunho de multirreferencialidade e transdisciplinaridade torna-se ampliado e, agora, acrescido da Ecologia e de outros ramos do conhecimento cientifico, nele introduzidos por nós, adquire, também, as virtuosidades e as fecundidades destas ciências, transformando-se no Sistemismo Ecológico Cibernético, cujo horizonte se torna mais alargado e, suas características holísticas mais evidentes, resultando daí, uma metodologia de caráter mais abarcante que o Sistemismo clássico, permitindo a ultrapassagem ou a ruptura de cristalizadas fronteiras conceituais.
Não obstante pretensão da Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo) de representar uma ciência da totalidade, de abrangência, de síntese, de globalidade, constata-se que, muitas vezes, estudos de determinados sistemas, realizados mediante o enfoque sistêmico, mas não acrescidos da visão ecológica - em desacordo com o que propõe o Sistemismo Ecológico Cibernético, - se apresentam, ainda, eivados de reducionismo, porque ficam limitados ao horizonte do sistema, uma vez que, no Sistemismo clássico, a idéia da utilização de uma abordagem simultânea, tanto do sistema em estudo, como do seu ambiente, embora implícita, carecia de ser tornada explícita, o que se faz agora.
Em conseqüência desta lacuna, eram encontradas, geralmente, abordagens do sistema em estudo, ainda fragmentárias, limitativas, embora pretensamente sistêmicas, porque dissociadas do exame das condições do respectivo ambiente, desconsiderando-se os reflexos recíprocos entre tal sistema e o ambiente do sistema, os quais sempre se afetam mutuamente.
Por este motivo tornou-se exigível a explicitação, o que efetuamos mediante a adoção do Sistemismo Ecológico Cibernético, a fim de se enfatizar a necessidade de que qualquer estudo, para se tornar verdadeiramente sistêmico, deva abranger, sempre, o ambiente do sistema, com a finalidade de consecução de uma perspectiva mais abarcante e por isso, verdadeiramente holística, pois o sistema e o ambiente juntos, constituem uma unidade indissociável, na realidade um novo sistema, isto é, - o “sistema/ambiente” e por tal motivo, não deve ser abordado de maneira dissociada.
A Teoria Sistêmica Ecológica Cibernética de Enfermagem (TSECE) e, o Modelo Cibernético de Processo de Enfermagem (Rosalda Paim4, l974), ambos referentes à construção do Saber da Enfermagem e à sua prática, os quais, acrescidos do Sistemismo Ecológico Cibernético (Pensamento Sistêmico-Ecológico Cibernético), relativo à produção do saber geral, constituem três construções teóricas que se apóiam em uma concepção holística do Universo, da vida, do ambiente, do homem (família, comunidade, sociedade) e comprovaram, na prática, sua aplicabilidade e eficácia, servindo de sistema de referência para a idealização (criação mental) e elaboração de instrumentos (Modelos Operacionais), cuja realização física (construção e implantação), além de sua operacionalização, permitiram o desenvolvimento de atividades assistenciais de saúde, de cunho inovador, as quais foram relatadas em edição anterior deste livro.
A tônica da visão sistêmico-ecológica-cibernética, contida no Sistemismo Ecológico Cibernético, quando aplicada à assistência em saúde, é a ampliação do espaço corporal do sistema humano (pessoa, família, comunidade, sociedade) assistida ou cuidada, para abranger seu ambiente imediato ou próximo e, desta maneira, tornou-se um novo ponto de vista, agora, de natureza mais totalizante, abarcante, integrativa, sintetizadora, além possuir um atributo dinâmico, regulador, orgânico e dialético - Capítulo VII - Dialética dos Sistemas Vivos e VIII - Dialética Cibernética, portanto, de natureza verdadeiramente holística.
A metodologia sistêmica, considerada por si só, não transmitia, ainda, implícita a idéia da inclusão do ambiente no estudo do sistema abordado (embora o próprio ambiente constitua, na verdade, um sistema). Conseqüentemente, a perspectiva sistêmica correspondia, ainda, à uma metodologia um tanto, reducionista, fragmentária, limitativa, não obstante a pretensão e propósitos de universalidade da Teoria Geral dos Sistemas e, a de servir de instrumento de unificação das ciências, ou mesmo, de se tornar uma ciência das ciências.
Por causa destas restrições, houve a necessidade da justaposição dos atributos do Sistemismo - Teoria Geral dos Sistemas - considerado, ainda, o reforço oferecido pelas suas tributárias - Cibernética e da Teoria da Informação - com as virtuosidades da Ecologia, resultando este agregado no Sistemismo Ecológico Cibernético que é, também, designado Pensamento Sistêmico-Ecológico Cibernético (PSEC).
Em razão das necessárias e obrigatórias relações entre o homem e o ambiente e, baseados no conceito universal de Entropia (e no seu par antagônico - a Negentropia), - os autores sugerem uma Dialética dos Sistemas, - particularmente, uma Dialética dos Sistemas Vivos - referida no Capítulo VII, entre os quais se inclui o homem e a própria sociedade, além de uma Dialética Cibernética, constante do Capítulo VIII.
A Dialética dos Sistemas Vivos e a Dialética Cibernética integram o Sistemismo Ecológico Cibernético, emprestando-lhe características dialéticas, reforçando, assim, o conteúdo dialético que já lhe atribuía a Cibernética, enquanto integrante da Teoria Geral dos Sistemas.
Com fundamento nesta idéia, focaliza-se as contradições e antagonismos entre o homem e o ambiente, este considerado não só em suas dimensões naturais (físicas e biológicas), mas também e, sobretudo, em seus aspectos sociais e tecnológicos, incluindo os acentuados reflexos nas patologias vigentes, em nosso tempo.
Em virtude da existência de tais relações, tanto a pessoa humana, como seus metassistemas - família, comunidade, sociedade, - deve, sempre, ser visualizada no contexto de suas relações dialéticas com o ambiente, portanto através da visão sistêmico-ecológica-cibernética, ampliada pela contribuição da Dialética, pois o Sistemismo Ecológico Cibernético ao incluir em seu âmbito, a Dialética dos Sistemas, a Dialética dos Sistemas Vivos e a Dialética Cibernética, permite atribuir, também, um cunho dialético à metodologia proposta.
O Sistemismo Ecológico Cibernético envolve, pelo menos, conhecimentos oriundos da Teoria Geral dos Sistemas (TGS), do Estruturalismo, do Funcionalismo, da Cibernética, da Teoria da Informação, da Ecologia, da Fisiologia (Bioquímica e Biofísica), da Dialética, principalmente da Dialética dos Sistemas, da Dialética dos Sistemas Vivos e, da Dialética Cibernética, além de outras disciplinas tributárias da Teoria Geral dos Sistemas.
Esta visão sistêmico-ecológica-cibernética se apóia, portanto, num quadro teórico multirreferencial, cujo caráter é de interdisciplinaridade, de transdisciplinaridade, transcendendo, pois, as fronteiras conceituais e disciplinares e permitindo a visualização da unidade cósmica e, plagiando Pascal,5 diríamos que a referida visão abrange do infimamente pequeno até o infinitamente grande, ou seja, do microcosmo ao macrocosmo, ou podemos afirmar, com Pierre Teilhard Chardin6, ao se referir à evolução, que a perspectiva proposta inclui, desde o mineral até a consciência, correspondendo a um sistema teórico, em que se pretende que tudo esteja interligado, inter-relacionado e integrado como uma teia, uma rede de seres, coisas e eventos, cuja totalidade, abrangência, complexidade, universalidade e síntese, constituem um todo unitário e corresponde a uma idéia perfeitamente holística que representa o cerne, o foco, o fio condutor do Sistemismo Ecológico Cibernético.
O enfoque sistêmico-ecológico-cibernético da realidade se estriba na consciência da efetiva inter-relação e interdependência de todos os fenômenos físicos, biológicos, tecnológicos e sociais, que integram as quatro linhas de sistema, segundo a proposta de Bertalanffy: de natureza física, biológica, social e tecnológica.
A impossibilidade de dissociação entre o homem e seu entorno está bem estabelecida na Teoria Sistêmico-Ecológica Cibernética de Enfermagem, de Rosalda Paim7, cuja ampliação resultou no Sistemismo Ecológico Cibernético e que prescreve:
Principio da Ação Simultânea
“A Enfermagem deve sempre e, simultaneamente, cuidar da pessoa (família) e efetuar a adequação de seu ambiente imediato, com o objetivo de facilitar o intercâmbio de matéria, energia e informações entre ambos”.
Ainda, no Principio de Adequação do Ambiente, da mesma teoria, se estabelece:
“Com a finalidade de facilitação dos intercâmbios de matéria, energia e informações entre o ser humano e o ecossistema, as ações de enfermagem se processam, também, no sentido do ajustamento do ambiente, de acordo com as necessidades das pessoas assistidas”.
O Sistemismo Ecológico Cibernético é, portanto, uma maneira totalizante, globalística, abrangente, sintetizadora, orgânica e dialética, de focalizar a realidade, isto é, qualquer sistema físico, biológico, tecnológico ou social, mas lhe acrescentando, também, a todos eles, uma dimensão ecológica, destarte, completamente holística.
A concepção sistêmico-ecológica-cibernética tem servido de sistema de referência para a realização de todos os nossos trabalhos teóricos ou práticos, a partir da construção da Teoria Sistêmica de Enfermagem, (Paim8, l974), rebatizada como Teoria Sistêmico-Ecológica Cibernética de Enfermagem, pois quando concebida já se enquadrava num paradigma sistêmico-ecológico, bem como, no espírito da Cibernética.
A necessidade de mudança de paradigma tem sua base nas idéias vigentes em nosso tempo e que são expressas pela física moderna (teoria corpuscular, teoria ondulatória, física de alta energia), na Teoria da Relatividade (Einstein),9 na Teoria Quântica (Max Planck)10 e no Princípio da Incerteza (Heisenberg11 e outros), conduzindo à postulação da idéia de um universo contingente e probabilístico (Bolzmann12 e Gibbs13) e que impuseram uma revisão da física clássica que concebia um universo compacto, cerrado, programado e determinista, funcionando como um mecanismo de relógio (Newton)14, correspondendo ao alicerce do paradigma cartesiano, de cunho analítico, matemático, mecanicista. e fragmentário (Descartes).15
O Sistemismo Ecológico Cibernético, além da abordagem Cibernética, se alicerça nos postulados da Teoria Geral dos Sistemas e da Ecologia, contendo uma Visão Sistêmico-Ecológica da realidade, a qual corresponde à junção da abordagem sistêmica com o enfoque ecológico, permitindo levar em consideração, sempre, não só o sistema em estudo, como também e, ao mesmo tempo, a realidade circundante - o ambiente do sistema, - como preconizam os Princípios da Ação Simultânea e de Adequação do Ambiente, da Teoria Sistêmica Ecológica Cibernética de Enfermagem, antes mencionados.
Todo sistema comporta subdivisões, são seus subsistemas (seus componentes), com propósitos, conteúdos e processos próprios ou comuns ao sistema inteiro e cujos resultados são considerados essenciais para o propósito global do sistema.
De semelhante forma, a definição de supra-sistema ou metassistema (que representa um sistema mais amplo e da mesma natureza do sistema em estudo que, portanto, o inclui), engloba, também, propósitos comuns e interdependentes de múltiplos sistemas, semelhantes ou diferentes.
Seus componentes internos (subsistemas) são interligados e inter-relacionados, interagindo permanentemente e, a totalidade (o sistema inteiro), por sua vez, se relaciona e interage com o seu exterior, seu ambiente, (seu ecossistema). Os sistemas estão contidos em outros sistemas maiores, da mesma natureza, os seus metassistemas. Os metassistemas integram o ambiente dos seus sistemas menores (subsistemas).
A totalidade das relações internas ou intra-sistêmicas (intersubsistemas), bem como as relações externas (entre o sistema e o ambiente) ou, entre o sistema em estudo e outros sistemas similares ou não, (também contidos no ambiente do sistema em causa), são traduzidas e sintetizadas como relações de trocas de matéria, energia e informações entre o sistema considerado e o seu exterior (ambiente).
Face à importância de se abarcar o estudo do ambiente na abordagem de qualquer sistema e, ao se verificar, que a metodologia sistêmica era um tanto insuficiente, reducionista, fragmentária para se atender a este propósito, isto é, para suprir esta lacuna, é que se decidiu a justaposição da Ecologia ao Sistemismo, complementado pela Cibernética e pela Teoria da Informação, resultando no Sistemismo Ecológico Cibernético, cuja apresentação constitui o principal propósito deste livro.
Ao estudo dos sistemas, devemos, pois, acrescentar o estudo de sua dimensão ambiental (ecológica) aplicando os conceitos da Ecologia, considerada esta em seu sentido mais amplo, abrangente e irrestrito e abordando o próprio ambiente como um sistema, ou seja, mediante o enfoque sistêmico.
A Ecologia, assimilada em sua dimensão atual, constitui uma ciência de topo, permitindo também uma visão e uma abordagem de abrangência, oferecendo contribuição para o estudo do ambiente de qualquer sistema, incluindo o sistema humano.
Segundo Pierre Aguesse16, “a par de sua concepção clássica, a ecologia deve "incluir o Homo Sapiens e suas atividades", pois "a ecologia não é mais apenas a ciência do naturalista, de vez que disciplinas tão variadas como o direito, a economia, a sociologia, etc... devem estar incluídas no seu campo de investigação", resultando em verdadeira ciência do homem, enquanto para Bougley17 a ecologia "antes era disciplina um tanto difusa e incoordenada que lutava para abarcar estudos como a fisiologia, a genética e a evolução".
O Sistemismo Ecológico Cibernético é constituído pelos seguintes Princípios, os quais são compartilhados pela Teoria Sistêmico-Ecológica de Enfermagem, com a designação de Princípios Básicos (ou Princípios Gerais):
PRINCÍPIOS DO SISTEMISMO ECOLÓGICO
1 - Universo Sistêmico
2 - Universalidade Ecológica
3 - Ecologia Sistêmica
4 - Sistemismo Cibernético
5 – Paradigma Cibernético
6 - Homem Sistêmico-Cibernético
7 - Homeostasia dos Sistemas
8 - Necessidades Globais
9 – Dependências
10 - Antagonismo Negentrópico/Entrópico
11 - Negentrópico-Dialético-Cibertnético da Matéria Viva
12 - Anulação da Negentropia
13 - Tanatoteleonomia
14 - Princípio da Dialética dos Sistemas Vivos
15 - Princípio da Multicausalidade
16 - Integração Intra-sistêmica
17- Princípio da Integração entre o Sistema-Metassistemas-Ambiente
18-Auto Organização e Auto Regulação
19-Concorrência
20- Genético-Ambiental
21- Ações Simultâneas
22 -Adequação do Ambiente
23 - Evolução
A seguir, define-se cada um dos Princípios acima enumerados:
1 - Princípio do Universo Sistêmico
A Teoria Geral dos Sistemas, através de seu conceito de organização sistêmica dos seres vivos (Sistema Biológico), dos seres brutos (Sistema Físico), das associações humanas (Sistema Social) e dos instrumentos (Sistema Tecnológico) postula a idéia da existência de um universo sistêmico, um dos alicerces fundamentais do Sistemismo Ecológico Cibernético.
2 - Princípio da Universalidade Ecológica
A abordagem de quaisquer sistemas - físicos, biológicos, tecnológicos e sociais - deverá, necessariamente, abranger a focalização de seus metassistemas e do ambiente em que se acham inseridos, incluindo as relações de trocas de matéria, energia e informações entre o sistema e seus metassistemas e, de ambos com o ambiente.
Este princípio corresponde à abordagem dos sistemas, também, mediante a perspectiva ecológica, além de uma do estudo de caráter eminentemente sistêmico.
A partir do fato de que o sistema e o ambiente se afetam mutuamente, em razão da contínua e permanente troca de matéria, energia e informações entre ambos, o estudo de qualquer sistema aberto deve abranger o exame do respectivo ambiente ou ecossistema e, dos seus respectivos metassistemas, quer dizer, enfocado, simultaneamente, à luz do Sistemismo e da Ecologia.
Por outro lado, não é menos verdade que todos os sistemas ambientais necessitarão ser examinados, também, sob o enfoque sistêmico, isto é, em sua abrangência, totalidade e integralidade, com ênfase na inter-relação de seus elementos componentes, como prescreve o:
3 - Princípio da Ecologia Sistêmica
No estudo do ambiente (ecossistema) de qualquer sistema, a par da própria abordagem ecológica, deverão ser focalizados, ainda, seus aspectos de abrangência, de totalidade, de integralidade e de relacionamento entre as partes constituintes, isto é, abordado, também, através de uma perspectiva sistêmica, segundo os cânones da Teoria Geral dos Sistemas.
Este princípio trata da abordagem dos ambientes mediante a ótica sistêmica, segundo a qual, o ambiente é também um sistema (o ecossistema), formado por um conjunto de elementos de natureza física, biológica, social e tecnológica.
Abstraído o sistema que está sendo examinado, tudo que o cerca (inclusive os seres humanos nele contidos), é o seu ambiente ou ecossistema. Como todos os componentes do ecossistema são elementos de uma das quatro linhas de sistemas, postulados pela referida teoria e que sintetizam tudo que existe no Universo, podemos designá-los como subsistemas (componentes) do sistema ambiental ou ecossistema. Portanto, o ecossistema global é constituído por um subsistema físico, um subsistema biológico, um subsistema tecnológico e um subsistema social.
Os Princípios da Universalidade Ecológica a da Ecologia Sistêmica correspondem ao acréscimo do enfoque sistêmico aos estudos ecológicos, ou seja, através da utilização, também, da abordagem sistêmica ao estudo do ambiente e, vice-versa, a utilização da perspectiva ecológica ao estudo dos sistemas, isto é, o estudo dos sistemas, também, sob os cânones da Ecologia.
A abordagem proposta corresponde ao estudo simultâneo do sistema e do ambiente, a um só tempo, mediante o duplo enfoque sistêmico e ecológico, o qual designamos visão sistêmico-ecológica, representando a conjunção da Teoria Geral dos Sistemas com a Ecologia e que, adicionado dos postulados da Cibernética, se transforma no Sistemismo Ecológico Cibernético, que corresponde ao escopo fundamental deste trabalho.
O acréscimo da perspectiva Cibernética à visão sistêmico-ecológica decorre do:
4 - Princípio do Paradigma Cibernético
O modelo dos organismos vivos e dos ecossistemas naturais - sistemas auto-organizadores, auto-reguladores e auto-reprodutores, - destacando-se a estrutura do genoma e o funcionamento cibernético do cérebro humano, cujo ápice é a consciência - dotados de mecanismos homeostáticos que objetivam assegurar a constância de composição e funcionamento do meio interno (homeostasia) e o equilóibrio de suas relações com o ambiente, caracterizando-os como sistemas cibernéticos, constitui referencial adequado para a abordagem do sistema humano e para orientar intervenções no seu corpo e/ou no respectivo ambiente, além de servir de base para a idealização, a construção, a organização, o funcionamento, a administração, a avaliação e os reajustes de sistemas tecnológicos e sociais - em sua globalidade ou cada um dos seus subsistemas - e, corresponde ao paradigma central do Sistemismo Ecológico Cibernético.
Corolário:
- O paradigma sistêmico-ecológico-cibernético pode constituir referencial adequado para idealização, organização, implantação, operacionalização e administração de quaisquer tipos de sistemas abertos.
- A partir da noção de sistemas, da posição do homem como integrante de dois sistemas, isto é, posicionado no extremo superior da cadeia biológica (Sistema Biológico) e, no extremo inicial do Sistema Social, acrescida da noção de Sistemas Cibernéticos (sistemas abertos, auto-organizadores e auto-reguladores) e, ao se visualizar o ser humano, também como um sistema, formulamos o sexto Princípio Básico do Pensamento Sistêmico Ecológico Cibernético (PSEC) ou Sistemismo Ecológico Cibernético:
5 - Princípio do Homem Sistêmico-Cibernético
O homem é um sistema biológico aberto, tendo como dimensão espacial o corpo e, temporal, a existência e a historicidade, constituído por um conjunto integrado e inter-relacionado de subsistemas, programado geneticamente para efetuar intercâmbios de matéria, energia e informações (intra-sistêmicas ou intersubsistemas e, do conjunto, com o ambiente), além de metabolizá-las; sendo dotado de mecanismos cibernéticos e homeostáticos, capazes de auto organização, auto regulação, auto crescimento e auto reprodução, cujo processo evolutivo atingiu o nível da consciência e da linguagem; através de ações negentrópicas e utilização de sistemas signos, aprende, projeta, produz, armazena e transmite cultura (saber, técnica e arte), convive socialmente, idealiza, elabora e utiliza instrumentos (extensões do corpo), transformando a realidade e planejando suas ações futuras e, cuja teleonomia é a manutenção da saúde, o prolongamento da vida e a perpetuação da espécie, tudo em franca e contínua oposição às forças entrópicas.
Corolários:
- O ser humano deve ser visualizado, sempre, em sua dimensão sistêmica (aspectos bio-psico-sócio-espirituais).
- O ser humano (sistema humano) não deve ser visualizado senão em suas relações com o ecossistema, considerando-se ambos (o sistema-ecossistema) como resultantes da integração dos seus respectivos subsistemas, formando, assim, um novo sistema - o sistema homem/ambiente.
- O homem deve ser visualizado como a resultante do inter-relacionamento, assim como da integração dos seus múltiplos subsistemas que efetuam trocas de matéria, energia e informações entre si e, (em seu conjunto), com o ambiente.
- O homem não deve ser visualizado de maneira parcializante, fragmentária, limitativa, reducionista, mas em sua totalidade e abrangência e globalidade (holismo), integrado por um conjunto de subsistemas que, em suas múltiplas e íntimas inter-relações e interdependências, conjuga de maneira sincronizada, esforços no sentido de consecução do maior nível de homeostasia permissível pelo seu potencial genético, fase etária, história individual e social e, condições ambientais instantâneas.
O sistema humano está situado em seu ambiente (físico, biológico, tecnológico e social) - o seu ecossistema.
Todos os seres vivos, incluindo os humanos são, na realidade, constituintes do ecossistema, entendido este como o somatório dos ambientes físico, biológico, tecnológico e social (seus subsistemas).
Qualquer sistema está situado no âmbito de um sistema mais amplo, da mesma natureza - os seus metassistemas ou supra-sistemas, exceto quando ele próprio é o maior sistema dessa natureza.
São sistemas maiores do homem - seus metassistemas - a família, a comunidade e a sociedade.
Por sua vez, os metassistemas do sistema humano integram o próprio ecossistema em que ele está inserido.
O sistema humano + o sistema ambiental constituem um novo sistema - o sistema homem/ambiente e corresponde à realidade - o conjunto de seres, coisas e eventos que constituem o Universo dinâmico (em movimento), situado na imensidão do espaço/tempo, tendo ainda, o próprio homem, a capacidade de utilizar e transformar essa realidade.
.Num enfoque sistêmico, o homem não pode ser visualizado independentemente de suas relações com os seus metassistemas (família, comunidade e sociedade) e, com o seu sistema ambiente global, nem de seus inter-relacionamentos internos (relações entre células, órgãos, aparelhos e sistemas), ou seja, entre os seus diversos subsistemas entre si.
Um estudo, realizado em desacordo com esta perspectiva abrangente, constitui uma abordagem fragmentária, reducionista e, portanto, não sistêmica.
A designação de sistema, metassistema ou subsistema corresponde a conceitos relativos, tendo utilidade para situá-los em relação aos seus sistemas maiores ou menores que o de nosso objeto de estudo.
A designação de metassistema ou subsistema é relativa à sua posição hierárquica, no âmbito dos demais sistemas da mesma natureza, tornando-se útil para situá-los em relação ao sistema que está sendo estudado no momento (sistema maior ou menor que este).
Os sistemas de maior amplitude em relação a este, são seus metassistemas, enquanto os de menor dimensão são seus subsistemas.
Por comodidade, podemos considerar como sistema, tanto os metassistemas como os subsistemas, pois não são coisas diferentes, mas simplesmente, sistemas de maior ou menor amplitude que aquele que está sendo focalizado.
É referida como sistema à unidade em estudo no momento e na qual se situa o observador ou o administrador.
Qualquer subsistema ou metassistema de um determinado sistema, quando constitua nosso objeto de estudo, ele passa ser designado simplesmente como sistema.
Assim, a família, a comunidade e a sociedade (metassistemas do sistema humano) podem ser designadas simplesmente como sistema quando, de per si, constituam o objeto de determinado estudo. Um órgão, tecido ou uma célula (subsistemas do sistema homem) devem ser referidos apenas como sistema, quando corresponderem ao foco de nosso estudo.
Os sistemas são integrados por partes menores - os seus subsistemas. No caso do organismo humano (sistema humano), um conjunto de órgãos de uma mesma estrutura, de um mesmo tecido ou de uma mesma função, constitui um de seus subsistemas.
Cada célula, integrante de um órgão ou tecido, constitui subsistema desse órgão ou tecido, representando, portanto, um sub-subsistema do organismo humano, considerado em seu todo.
Desta forma, o tecido nervoso pode ser designado como sistema nervoso, mas em relação ao organismo como um todo, deve considerado como subsistema nervoso. Uma célula, considerada de per si, pode ser designada como sistema - sistema célula. Uma célula do sistema nervoso pode ser designada como subsistema do sistema nervoso ou como um sub-subsistema do sistema humano, quando referido em sua totalidade.
O homem, focalizado como objeto do conhecimento, tem sido estudado de maneira fragmentária. Disseca-se, cada vez mais, sua estrutura anatômica, histológica, química (molecular e iônica), pesquisa sua fisiologia (geral, organísmica e celular), sua dimensão temporal - longevidade e historicidade, - necessitando de uma abordagem consoante um novo paradigma, capaz de efetuar a integração de todos os conhecimentos a seu respeito, buscando focalizá-lo mediante um paradigma holístico.
6 - Princípio da Retroalimentação ou “Feedback”
O fato de que um sistema aberto é capaz de efetuar trocas de matéria, energia e informações com o seu ecossistema e, quando cibernético, dispor de mecanismo de retroação (“feedback”), com vistas a reajustá-lo constantemente, em função da sua teleonomia e, com base no seu próprio desempenho, constitui um dos fundamentos básicos do Sistemismo Ecológico Cibernético.
7 - Princípio das Necessidades Globais.
As necessidades globais do sistema homem podem ser referidas em termos de exigências de trocas de matéria, energia e informações entre este sistema e o ambiente, a fim de possibilitar a homeostasia de sua estrutura (física), da sua composição (química) e da sua fisiologia (físico-química) e de atingir o maior nível de integração no ecossistema, para consecução da sua teleonomia individual, da comunidade, da sociedade e, a da própria espécie humana.
Na dependência de fatores genéticos e de fatores ambientais (sócio/culturais, familiares, nível de instrução, de percepção e outros), variam as necessidades, mas, nem sempre, o homem tem consciência de suas reais necessidades e, em conseqüência, podemos afirmar:
Em razão do nível de diferenciação individual do sistema humano e das relações com o ambiente, varia a sua consciência quanto às necessidades próprias.
Podemos, então, classificar as necessidades do ser humano em necessidades sentidas e, necessidades não sentidas.
O homem é, muitas vezes, dependente de outrem para satisfazer às suas necessidades.
O ser humano tem necessidades de toda ordem. O conjunto de todas as necessidades humanas constitui as suas necessidades globais.
As necessidades globais podem ser classificadas em necessidades gerais e, necessidades específicas.
As necessidades gerais são aquelas próprias de qualquer ser humano, em qualquer situação.
As necessidades específicas são exigências peculiares a determinadas situações ou condições em que o homem se encontre, no momento.
Para atender às necessidades do homem, existe todo um complexo sistema industrial.
Conforme sua natureza, as necessidades são atendidas por determinados setores do sistema industrial, ou seja, por um ou outro de seus subsistemas.
As necessidades são satisfeitas pelas utilidades. Portanto, designamos como utilidades tudo que é capaz de satisfazer necessidades.
Todas as necessidades podem ser sintetizadas sob a rubrica de necessidades de trocas de matéria, energia e informações.
As utilidades também podem ser referidas em termos de matéria, energia e informações.
As utilidades correspondem ao produto final do sistema industrial: primário, secundário e terciário (seus subsistemas).
Cada subsistema do sistema industrial, através do seu produto final - bens ou serviços - atende a um conjunto de necessidades que lhe são pertinentes.
Bens ou serviços representam, portanto, utilidades.
O sistema humano, para atingir seu próprio "telos", assim como o da espécie, possui um conjunto de necessidades, as necessidades globais, as quais podem ser traduzidas como necessidades de natureza bio-psico-sócio-espirituais, sendo que estas compreendem:
- As necessidades básicas e
- A Necessidades complementares.
O ser humano satisfaz suas necessidades, por si mesmo ou, na dependência de ajuda de outras pessoas e/ou de outros sistemas, segundo o:
8 - Princípio das Dependências
O sistema humano é, em grande parte, dependente de outrem em relação à satisfação de suas necessidades de trocas de matéria, energia e informações com o ambiente.
Corolários:
- As dependências do homem, em relação às necessidades de trocas de matéria, energia e informações com o ambiente, podem ser parcial ou totalmente supridas pelos subsistemas (primário, secundário e terciário) do sistema industrial.
- As dependências do homem em relação à determinadas necessidades podem ser parcial, ou totalmente, satisfeitas por um determinado setor do sistema industrial terciário (industria de prestação de serviços) - o sistema de saúde.
- A dependência do homem em relação à determinada necessidade pode ser parcial ou totalmente atendida ou satisfeita por um ou mais setores do sistema de saúde, como o subsistema de enfermagem.
- As dependências do homem (família, comunidade, sociedade), em relação às necessidades de saúde e as necessidades de enfermagem, podem ser caracterizadas como carências totais ou parciais e classificadas segundo os níveis de prevenção de Leavell & Clark18 (adaptado).
- Os produtos finais ("output") do processo industrial (primário, secundário ou terciário) capazes de satisfazer às necessidades do homem (bens ou serviços) são designados como "utilidades”. Os serviços - produto final do subsistema industrial terciário ou industria de prestação de serviços - representam, pois, utilidades.
- A assistência em saúde e a assistência de enfermagem constituem modalidades de serviços ou utilidades produzidas pelo sistema industrial terciário (subsistema de saúde, sub-subsistema de enfermagem) e/ou, por outros sub-subsistemas do subsistema de saúde.
9 - Principio da Homeostasia dos Sistemas
A fim de se atingir o "telos" do sistema humano, dos seus metassistemas (família, comunidade, sociedade) e dos respectivos sistemas ambientais, há necessidade de se promover, manter ou restaurar o maior nível permissível de homeostasia de quaisquer sistemas físicos, biológicos, tecnológicos ou sociais, através da ação de dispositivos e/ou agentes facilitadores, mediante a utilização contínua e permanente de mecanismos cibernéticos de retroalimentação (“feedback”).
Corolário:
- O nível de otimização da homeostasia do processo de intercâmbio de matéria, energia e informações entre o sistema homem ou qualquer sistema biológico e o ecossistema é diretamente proporcional às forças antientrópicas e inversamente às entrópicas.
A homeostasia dos sistemas constitui o "ente" do "Sistemismo Ecológico Cibernético”. Todas as "ações de sistema industrial global" devem ser desenvolvidas no sentido de sua consecução.
A homeostasia (saúde ou equilíbrio) do sistema humano, do sistema de enfermagem, do sistema de saúde e do sistema social corresponde ao "telos" do próprio ser humano e o dos seus metassistemas (família, comunidade, sociedade).
Com fundamento na analogia entre os sistemas físicos, biológicos, tecnológicos e sociais, formulamos as definições de saúde e de doença de sistemas.
Saúde de Sistemas - é a otimização da homeostasia do processo de trocas de matérias, energia e informações de um sistema físico, biológico, tecnológico ou social com o seu ecossistema, incluindo suas inter-relações intra-sistêmicas, ou seja, as trocas entre seus subsistemas.
Como se depreende da própria definição, ela é genérica e, portanto, aplicável a quaisquer tipos de sistemas. Assim pode ser empregada em relação à sociedade, à comunidade, ao sistema de saúde, ao sistema de enfermagem, ao sistema formador de recursos humanos para o setor saúde, à família, ao hospital, ao centro de saúde e ao próprio homem.
Neste último caso, será referida como saúde humana, da qual trataremos mais adiante.
Doença de Sistemas - é qualquer redução do nível de otimização da homeostasia do processo de intercâmbio de matéria, energia e informações entre um sistema físico, biológico, tecnológico ou social e o ambiente (ecossistema) respectivo.
Também esta definição é aplicável aos mesmos sistemas antes referidos ou a quaisquer outros tipos de sistemas.
Nas definições acima está implícita a idéia de que a homeostasia do processo de trocas envolve não só os intercâmbios entre o sistema e o ecossistema, mas também as trocas intra-sistêmicas, ou seja, os intercâmbios, entre si, de todos os subsistemas componentes de um determinado sistema como prescreve o Princípio da Integração.
Relacionados com as definições acima estão o sexto, o sétimo e o oitavo dos Princípios Básicos.
As dependências do ser humano (família, comunidade e sociedade) em relação à assistência de saúde ou de enfermagem decorrem da resultante dos níveis de interação de duas forças de mesma direção e sentidos opostos - a Entropia e a Negentropia.
O grau de dependência do homem em relação à assistência de saúde e aos cuidados de enfermagem é diretamente proporcional à Entropia e, inversamente, à Negentropia que atuam sobre esse sistema.
Dentro desta visão, as ações de saúde e as ações de enfermagem nada mais representam do que a utilização de mecanismos antientrópicos (negentrópicos) objetivando retardar a vitória inexorável da Entropia no que se relaciona com o "Processo Vida".
(A Entropia é um termo criado por Rudolph Clausius (1850)19, com base no segundo Princípio da Termodinâmica, assim enunciado: “É impossível haver transferência expontânea de calor de um corpo frio para um corpo quente”).
Entropia corresponde, pois, â tendência de todos os sistemas para o resfriamento, para o nivelamento energético, para a desorganização, para indiferenciação, para a catamorfose, para a mesmice, para o caos, para a morte.
Assim, o estado mais provável do planeta Terra é o seu total resfriamento, o estado mais provável da vida e a morte, o estado mais provável da administração é o caos. Daí a necessidade de aplicação contínua e permanente de forças antientrópicos (Negentropia), tanto com relação à vida e a saúde, como no que tange aos processos administrativos e às máquinas e, mesmo, ao próprio sistema social global.
A Negentropia, cujos sinônimos são: Neguentropia, Anatropia, Antientropia (Entropia Negativa, Neg-Entropia = Entropia com o sinal invertido) ou Contra-Entropia significa o movimento da energia no sentido de mais informação, mais organização, mais vida, mais saúde, mais progresso, mais complexificação, de um determinado sistema.
A Teoria da Informação, enquanto componente da Cibernética e, esta como parte da Teoria Geral dos Sistemas, acrescidas da Ecologia e de outros ramos do conhecimento científico, integram o Sistemismo Ecológico-Cibernético (Capítulo IX), o qual, através de uma perspectiva de natureza multirreferencial, interdisciplinar, transdisciplinar, globalizante, sintética, abrangente e integrativa, permitirá abordar sintética e holisticamente, o ambiente, o ser humano, a sociedade e seus diversos setores.
Ressaltamos que esta abordagem Sistêmico-Ecológica e Cibernética foi elaborada, inicialmente, para constituir o quadro de referência e a base filosófica da "Teoria Sistêmico-Ecológica de Enfermagem" e, do “Modelo Sistêmico-Cibernético de Processo de Enfermagem" (Rosalda Paim20, l974), como já foi referido, mas foi sendo ampliada, gradativamente, mediante a aplicação do mecanismo cibernético de “feedback”, para abranger a saúde como um todo, o ambiente e a sociedade global, podendo até se tornar uma verdadeira teoria da globalização.
10 - Principio do Antagonismo Entrópico Negentrópico
O nível de homeostasia de um ser biológico, em qualquer instante do processo existencial, decorre das condições de execução de um projeto codificado em linguagem química, constante do seu patrimônio genético, o qual preside o metabolismo de matéria, energia e informações, no interior do organismo, em decorrência dos intercâmbios efetuados, historicamente, entre o referido sistema e o ecossistema e, submetidos à influência contínua e permanente de duas forças antagônicas (dialéticas), de mesma direção e sentidos opostos - a Entropia e a Negentropia (entropia negativa).
Corolário:
O nível de otimização da homeostasia do processo de intercâmbio de matéria, energia e informações entre o sistema humano e o ecossistema é diretamente proporcional às forças antientrópicas (negentrópicas) e, inversamente às entrópicas.
11 - Principio Negentrópico-Dialético-Cibernético da Matéria Viva
A vida consiste num processo dialético e negentrópico da matéria que constrói sistemas capazes de auto-organização, auto-regulação, autocrescimento e auto-reprodução, resultantes de programação genética, codificada em linguagem química-cromossômica, sob controle de mecanismos homeostáticos ou cibernéticos (“feedback”) e mediante contínuas trocas de matéria, energia e informações entre o sistema vivente e o seu ecossistema, ambos em permanente antagonismo - tudo representando uma contracorrente à lei da entropia universal - e, em virtude da reprodução e da morte, - esta resultante da predominância, final e total, da entropia sobre seu par antagônico, a negentropia - torna-se passível de evolução e autoperpetuação.
12 - Principio Negentrópico-Dialético-Cibernético dos Sistemas Sociais
As sínteses provisórias de todos os processos dialéticos de qualquer sistema social, em cada instante do seu curso, resultam de teses e antíteses decorrentes de inspiração na historia das idéias e das ações negentrópicas e entrópicas de suas consciências individuais e coletivas e, das suas condições materiais objetivas pretéritas - eivadas sempre de aspectos subjetivos, - acopladas a teses e antíteses decorrentes das idéias e ações negentrópicas e entrópicas das consciências individuais e coletivas atuais exercidas sobre as condições materiais objetivas presentes e futuras – prenhes, também, de aspectos subjetivos, - tendo em vista seus projetos e objetivos, transitórios e permanentes, tudo presidindo o metabolismo de matéria, energia e informações no interior do sistema em causa, em decorrência das trocas intra-sistêmicas e dos intercâmbios efetuados entre o referido sistema e o ecossistema, sob o controle de mecanismos homeostáticos ou cibernéticas sociais (“feedbacks”), destando-se os resultantes do voto universal e, submetidas tais trocas à influência de duas forças antagônicas (dialéticas), de mesma direção e sentidos opostos - a Entropia e a Negentropia (entropia negativa).
13 - Principio da Anulação da Negentropia
A anulação absoluta das forças antientrópicas (negentrópicas) que atuam sobre um sistema biológico, em decorrência dos efeitos deletérios das ações entrópicas, constitui o fenômeno "morte".
Os princípios do Antagonismo Entrópico e da Anulação da Negentropia, são extensivos, a todos os sistemas físicos, biológicos, tecnológicos e sociais, bastando inclui-los nas definições, da mesma forma que se pode referir especificamente ao ser humano substituindo a palavra "biológico" por "homem".
Obviamente, só existe vida quando há predominância das forças antientrópicas (negentrópicas) e somente haverá saúde quando esta predominância ocorrer em nível adequado.
O Sistemismo Ecológico Cibernético se refere à Saúde e à Doença de Sistemas e, também, à Saúde e Doença Humana. Vamos abordar, aqui, apenas as duas ultimas:
Saúde é a otimização do processo de intercâmbio de matéria, energia e informações entre o sistema humano e o ambiente, bem como de todas as inter-relações intra-sistêmicas.
Doença é qualquer redução do nível de otimização do processo de trocas de matéria, energia e informações do sistema humano com o ecossistema, bem como de todas as inter-relações intra-sistêmicas.
Poderíamos, ainda, redefinir saúde humana como a otimização do nível de ação das forças negentrópicas e minimização das entrópicas que atuam sobre o sistema humano e, a doença humana como a predominância relativa das ações entrópicas sobre as negentrópicas que agem sobre o mesmo, enquanto a morte seria a anulação total da Negentropia do organismo, como resultante da predominância absoluta das ações entrópicas.
Ao se referir ao processo de complexificação da matéria, Pierre Teilhard Chardin21, diz que entre as ciências da Matéria e da Vida (Física e Biologia) não haveria oposição, mas uma relação de complementaridade, acrescentando...”não seria ainda o caso de procurar definir o princípio ou “campo de força” que leva a matéria a se complicar assim sobre si mesma”.
Sem dúvida, é possível considerar equivalente à Negentropia este “campo de força” a que se refere o jesuíta.
Esse autor prossegue: “... o que é importante observar é a marcha irreversivelmente crescente do fenômeno. De início, o submundo dos átomos, aparentemente capazes de se formar cada qual por si mesmo, a partir dos corpúsculos nucleares, segundo um número limitado de agrupamentos fixos, sem ordem natural de sucessão bem definida entre tipos pesados e tipos leves. Depois o submundo das moléculas, onde surgem claramente, nas formas mais complexas, senão já uma aparência de genealogia, pelo menos ordenação em cadeia evocando a idéia de uma ontogênese.Enfim, o submundo orgânico (com suas divisões possíveis) em que, graças ao maravilhoso processo de reprodução (e da morte...), a complexificação pode prosseguir aditivamente de indivíduo para indivíduo, ao longo de filos ou linhagens quase indefinidas.”
Vale ressaltar que, mesmo ao se extinguir o “processo vida", ainda após a morte, as forças entrópicas continuam a atuar sobre sistemas biológicos, promovendo a desorganização dos cadáveres, objetivando o desdobramento (análise) da matéria, restituindo-a ao seu reservatório natural - a Terra, sob a forma de substâncias simples e compostas, assegurando o equilíbrio ecológico e a perenidade do ciclo da matéria (da água, do carbono, do oxigênio, do nitrogênio e de outras substâncias), restituindo-as ao estado de indiferenciação, como constituintes do sistema físico planetário e que virão a integrar novamente o solo, as nuvens, o ar, os rios, os mares e os corpos dos animais e plantas, restabelecendo-se novos processos de organização e síntese, sob a ação, outra vez, de forças antientrópicas ou negentrópicas, ou mesmo “campos de força”, na expressão de Chardin.
Assim, aparece evidente o sentido, o objetivo, a finalidade da morte - a sua teleonomia, - permitindo formular o princípio seguinte:
14 - Princípio Tanatoteleonomia
A morte é a resultante da predominância absoluta das ações entrópicas sobre as negentrópicas nos sistemas auto-organizadores e auto-reguladores e representa um dispositivo de retroação ("feedback") dos sistemas vivos, cuja teleonomia é possibili00tar o processo de evolução e de diversificação das espécies, manutenção da cadeia alimentar, do equilíbrio ecológico e o desenvolvimento do ciclo da matéria, restituindo-a ao estado de indiferenciação, como constituinte do sistema físico.
15 - Princípio da Dialética Cibernética
Em razão do antagonismo existente entre os sistemas e o seu ambiente (ecossistema), entre os processos de oxidação e o de redução na bioquímica celular, entre a excitação e a inibição na célula nervosa, entre a atração e repulsão da matéria, entre o calor e o frio, entre a saúde e a doença, entre a vida e a morte, entre a Entropia e a Negentropia (entropia negativa) e, em função do caráter dialético da Cibernética, que compartilha com o Sistemismo os atributos de movimento, de mudança e de transformações, expressa pelo fluxo: “input” - “processo” - “output” - “feedback” ou alça cibernética, esta em operação sincrônica com o cérebro humano e com as atividades da consciência, o que permitiu a elaboração de uma Dialética dos Sistemas, uma Dialética dos Sistemas Vivos e, sobretudo, uma Dialética Cibernética.
16 - Princípio da Multicausalidade
Os desvios da homeostasia do processo de trocas de matéria, energia e informações de um sistema físico, biológico, tecnológico ou social com o ecossistema não originam apenas de ações de agente etiológico único, mas resultam de variados fatores decorrentes das relações entre o agente patogênico e o hospedeiro, em sua integração recíproca com o ecossistema.
17 - Princípio da Integração Intra-sistêmica
Todo processo sistêmico (físico, biológico, tecnológico ou social) exige a integração da estrutura e do funcionamento dos seus componentes (subsistemas), com fundamento no modelo da anatomia e da fisiologia do subsistema integrador do sistema nervoso do organismo humano, a fim de assegurar a homeostasia do respectivo sistema e a consecução da sua teleonomia.
Corolário:
- Todo processo sistêmico de assistência à saúde deve integrar adequadamente seus múltiplos subsistemas e assegurar a harmonia do mecanismo de trocas com seus metassistemas e, com o ecossistema como um todo.
O "Principio da Integração", comum ao Sistemismo Ecológico Cibernético e à Teoria Sistêmico-Ecológica Cibernética de Enfermagem, é inspirado no subsistema de integração do sistema nervoso do organismo humano e perfeitamente coerente, tanto com o objetivo fundamental da atual Política Nacional de Saúde do Brasil, quanto com a proposta do Sistema Único de Saúde, representando este, a estratégia sintetizadora e abrangente para reorganização, reorientação e integração do nosso Setor de Saúde, na esperança de que venha melhor atender aos objetivos governamentais e as expectativas dos usuários e dos trabalhadores da saúde e não mais, apenas, os interesses pecuniários do empresariado do setor.
A organização sistêmica do setor de saúde constitui a tônica de sua evolução no último decênio.
Isto demonstra claramente a aplicabilidade da Teoria Sistêmico-Ecológica de Enfermagem, já que é a própria experiência que confirma a sua validade, até porque foi formulada com base em uma bem sucedida experiência de campo, mediante a integração de variados aspectos, realizada pela autora e colaboradores, no Hospital Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, a partir de 1969 e, com fundamento na Teoria Geral dos Sistemas, na Cibernética, na Teoria de Informações, na Ecologia e na Fisiologia, cujos referenciais transformam a Teoria Sistêmico-Ecológica de Enfermagem, numa perspectiva com caráter de abrangência, de totalidade, de síntese, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e multirreferencialidade, constituindo ponto de partida para a construção de um paradigma de natureza holística e, para a elaboração deste livro, ambos em plena consonância com o processo de globalização em curso.
18 - Princípio da Integração Sistema-Metassistemas-Ambiente
O sistema social, o sistema humano e os demais sistemas, não devem ser abordados, nem operados sem uma adequada articulação com os metassistemas que integram e, com o ambiente que os envolvem, em face da existência de relações recíprocas e da efetivação de contínuas e permanentes trocas de matéria, energia e informações entre eles.
19 - Princípio da Auto Organização e Auto Regulação
Os organismos vivos e os ecossistemas naturais são dotados de mecanismos de retroalimentação (“feedback”), constituindo sistemas auto-organizadores e auto-reguladores (auto-reajustáveis), portanto, cibernéticos ou homeostáticos.
Corolário:
- A vida é um processo negentrópico e dialético da matéria, constituindo-se em sistemas que, em decorrência de programação genética, codificada em linguagem cromossômica - cuja potencialidade e ação, controladas por mecanismos homeostáticos ou cibernéticos (“feedback”), corresponde a uma contracorrente à lei da entropia universal - e, mediante contínuas trocas de matéria, energia e informações entre o sistema vivente e o seu ecossistema, torna-se capaz de auto-organização, de auto-regulação, de autocrescimento e, de auto-reprodução, e que - em virtude da morte - torna-se passível de evolução e autoperpetuação.
20 - Princípio da Concorrência
Um sistema biológico, em qualquer instante do processo vida, é a resultante da sua programação genética, concorrentemente com os efeitos históricos, instantâneos e potenciais de suas relações com o ambiente (relações de intercâmbio de matéria, energia e informações) e submetidas, simultaneamente, às ações antagônicas (dialéticas) da Negentropia e da Entropia.
21 - Princípio Genético-Ambiental
“O ser humano é, em cada instante de sua trajetória existencial, a resultante dos efeitos de dois componentes: um genético, representado pelo conteúdo informacional (instruções codificadas em linguagem cromossômica), correspondendo a um projeto inscrito no código genético e, outro ambiental, decorrente das conseqüências cumulativas (historicidade dos efeitos, acrescida dos resultados, presentes ou instantâneos) e, do vir-a-ser, oriundos das ações das pressões ambientais sobre o patrimônio genético, que pode ser expresso como o somatório cumulativo dos efeitos das trocas de matéria, energia e informações entre o sistema humano e o ambiente que aconteceram no decurso de todo o processo vida”, influenciando seus projetos e seu devir.
Corolário:
- O ser humano é, em determinado momento da trajetória do seu processo vital, a resultante dos efeitos da programação genética, que é expressa em linguagem cromossômica e, da historicidade, acrescida das ações instantâneas produzidas pelas trocas de matéria, energia e informações intra-sistêmicas e, do organismo, como um todo, com o ambiente.
22 - Princípio das Ações Simultâneas
Todo operador de sistemas seja de natureza física, biológica, social ou tecnológica deve, sempre, ao atuar sobre a unidade administrada, fazê-lo simultaneamente, sobre o ambiente respectivo, a fim de facilitar o processo de trocas de matéria, energia e informações entre ambos.
23 - Princípio da Adequação do Ambiente
A fim de facilitar o equilíbrio das trocas de matéria, energia e informações entre o sistema administrado e o ambiente, as ações do respectivo operador devem ser exercidas, também, no sentido de ajustar o meio às necessidades e aos propósitos da unidade que dirige.
24 - Princípio da Evolução
As relações antagônicas (dialéticas) que se processam no interior dos sistemas vivos e, destes com o ecossistema, entre a Negentropia (tese) que produz, reproduz e prolonga a existência do ser vivo e, a Entropia (antítese) que a perturba, resultando em doenças e envelhecimento, culminando com a completa anulação da Negentropia (fenômeno morte) que, conjuntamente com os mecanismos de adaptação, mutação e seleção natural (síntese) constituem o motor do processo de diferenciação das espécies, da evolução biológica, da continuidade das espécies e da perpetuação do processo Vida.
O primeiro capítulo deste livro trata de uma Introdução ao Método Científico e, o II se refere à Abordagem Sistêmica, principal componente do Sistemismo Ecológico Cibernético, a Perspectiva Cibernética, outro entre seus elementos constituintes, consta do Capítulo III, enquanto os seus demais integrantes se acham nos capítulos seguintes: Visão Ecológica no Capítulo IV, Vida e Entropia no V, no VI - Cibernética dos Sistemas Vivos, no VII - Dialética dos Sistemas Vivos.
A compatibilidade existente entre a Dialética e a Cibernética, bem como o caráter dialético dos sistemas, acrescidos da grande amplitude e capacidade de síntese da Teoria Geral dos Sistemas (TGS), dotada de “ganchos” para incorporar outras idéias, permite a inclusão da Dialética no âmbito do Pensamento Sistêmico Ecológico Cibernético (Sistemismo Ecológico Cibernético), o que ao lhe atribuir a característica dialética, amplia-o e o sanciona como um Quadro de Referência de natureza multirreferencial.
Por derradeiro, é apresentada no Capítulo IX - Entropia e Sistemas Sociais.
Estes nove capítulos constituíram fundamentos e porta de entrada para o presente capítulo - o X - Sistemismo Ecológico Cibernético, uma proposta dos autores e objeto precípuo deste livro, a qual pretende constituir uma ampliação da metodologia sistêmica, derivada da Teoria Geral dos Sistemas, ampliando-a e acentuando a sua condição de Quadro de Referência de natureza multirreferencial. Por derradeiro, é apresentado o XI capítulo que se refere à uma aplicação prática do paradigma Sistêmico Ecológico Cibernético: Sistemismo Ecológico Cibernético e Sistemas Sociais - aborda os sistemas sociais abertos, democráticos, cuja essência é a utilização de mecanismos de “feedback”, capazes de permitir o funcionamento equilibrado, harmônico, em toda a sua plenitude.
Além dos Princípios Gerais, concernentes aos diferentes ramos do conhecimento científico e, dos Princípios Comuns a área de saúde e ao seu setor de enfermagem, constantes de outro livro, Teoria Sistêmico-Ecológica Cibernética de Enfermagem - objeto de vários livros e trabalhos publicados - que representa o ponto de partida para a elaboração deste trabalho, contem princípios aplicáveis especificamente à ciência de enfermagem, por isso designados Princípios Específicos, que são os seguintes: Enfermagem Sistêmica, Enfermagem Ecológica, Enfermagem Cibernética, Formação Generalista, Extrapolação do Ciclo Vital, Papel Integrador, Delimitação Legal, , Enfermagem do Espaço Social, Humanização, Holismo, Administração das Trocas, Logístico, Independência Nosológica, Utilidade Nosológica, Independentização da Assistência, Assistência Contínua, Interação e Sinergia, Priorização da Fisiologia, Resposta às Necessidades, Proteção de Barreiras, Adaptação, Assistência Individualizada e Universalidade da Assistência.
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